Quem é mais barbeiro, homens ou mulheres? |
Na verdade, se ignorarmos o sexo e classificarmos os motoristas por nível de habilidade, vamos notar que eles podem ser divididos em três grupos bem distintos: talentosos, feijão-com-arroz e barbeiros.
Feijão-com-arroz: Já os feijão-com-arroz são os motoristas medianos, que dominam as habilidades básicas mas não vão muito além disso - como cozinheiros, seriam capazes de fazer o trivial direitinho (daí o nome feijão-com-arroz), mas se enrolariam para preparar algum prato mais complexo, ou até mesmo se tivessem de lidar com algum ingrediente fora dos que estão acostumados.
Analisando estes grupos por sexo, vamos notar que há homens e mulheres em todos eles, só que em diferentes proporções: maioria de homens entre os talentosos, maioria de mulheres entre os feijão-com-arroz, e uma razoável igualdade entre os barbeiros.
A razão dos homens serem maioria entre os talentosos é fácil de deduzir: como já vimos antes, a maioria dos homens parece nascer com uma paixão incontrolável por controlar máquinas e aparelhos - e veículos em geral estão no topo desta categoria. Como adoram controlar veículos, é natural que muitos homens desenvolvam habilidades acima do normal nessa atividade, por puro prazer pessoal.
Já entre as mulheres este tipo de paixão é menos frequente: a maioria delas não tem essa tara toda por dirigir, por isso se contenta em aprender apenas o necessário para o dia-a-dia, sem maiores firulas - ou seja, se encaixam mais no grupo feijão-com-arroz.
Mas isso está longe de ser uma regra absoluta: há muitos homens que não se empolgam pelo volante, e por isso ficam na categoria feijão-com-arroz, assim como também há muitas mulheres que adoram dirigir, e por isso entram com mérito no grupo talentosos.
Finalmente, o grupo dos barbeiros: ao contrário dos talentosos, que têm capacidades bem acima do necessário para o dia-a-dia, os barbeiros são aqueles que não levam o menor jeito para a coisa e nunca desenvolvem sequer as habilidades mínimas para dirigir. As velhas piadas machistas costumam jogar as mulheres neste grupo, mas isto é uma injustiça: tem homem de monte entre os barbeiros, mais ou menos na mesma proporção que as mulheres. A origem destas piadas é histórica: dirigir era "coisa de homem" até meados do século XX, por isso as poucas mulheres que se arriscavam ao volante eram alvo de maledicência dos machos inconformados - e a habilidade da maioria delas também não ajudava: limitadas a tarefas domésticas como levar e buscar crianças da escola, pouco desenvolviam seus talentos automotivos.
Toda esta classificação é baseada na habilidade, mas habilidade não é tudo: pelo contrário, pessoas muito habilidosas em geral tendem a ter excesso de auto-confiança, o que as leva a se meter em encrencas. Isso é particularmente verdade para homens na faixa dos 20 aos 30 anos - o excesso de testosterona e a falta de juízo tornam homens nesta faixa etária muito propensos a fazer besteiras: se metem em brigas, dirigem perigosamente, se casam... Já as mulheres sofrem menos destes perigos (exceto a parte do casamento): como têm cerca de sete vezes menos testosterona que os machos, são menos agressivas ao volante e por isso tendem a ser bem mais prudentes. Elas batem menos, e em geral com menos gravidade que os machos da espécie. As seguradoras sabem muito bem disso, e por este motivo cobram mais caro o seguro de carros dirigidos por homens do que dos que são dirigidos apenas por mulheres.
No fim das contas, a questão "quem dirige melhor?" fica difícil de responder, até mesmo se nos basearmos na estatística:
- por um lado, há mais homens no grupo talentosos do que mulheres, o que estatisticamente quer dizer que na média eles são melhores;
- por outro lado, as seguradoras cobram mais caro pelo seguro de carros dirigidos por homens porque eles batem mais, o que estatisticamente quer dizer que na média eles são piores!
Se diferentes estatísticas divergem no quesito habilidade conforme o critério, ao menos no quesito da falta de habilidade elas conseguem um resultado coerente: há tantos homens quanto mulheres entre os barbeiros, o que demonstra que a incompetência não tem sexo!